segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Por favor, me deixe ir / Não vou lhe esquecer. Prometo.

CALABOUÇO

Por favor, me deixe ir
Não me prendas, não me sufoque
Há muito me acompanhas
Dez, quinze anos
Já nem sei mais

Já me disseram de seu poder letal
Então, por quê não faze-lo de uma só vez?
Por que me matas aos poucos?

Afinal, o que queres de mim?
Meu sangue, meu corpo?
Minha vida?

Minha infância, já levou
Minha adolescência também
Queres também minha juventude?
Minha maturidade?
A terceira idade?

Ainda não me dei por vencida
Resta um fio de esperança
Uma chama acesa
Por favor, não a apague

Por favor, me deixe ir
Não vou lhe esquecer. Prometo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Para os marmanjos que pensam que meninas só pensam em casamento...

... como se realização profissional, acadêmica, material, espiritual e - principalmente - liberdade não fossem importante!!

www.youtube.com/watch?v=MhVAszN8UGI

sábado, 2 de outubro de 2010

E ainda, após alguns dias, penso no moço do barraquinho... E naquelas moças bem vestidas e naqueles rapazes com copos de whisky importado nas mãos...

Há alguns dias, no trabalho, me ocorreu uma situação não muito confortável. Bom, vamos nos fazer entender: trabalho em uma empresa administrada pelo governo federal e minha função é de fiscalização agropecuária. Explicadas as circunstâncias, vamos aos fatos.

Eu estava redigindo um documento e, de repente, o chefe do departamento ao qual sou subordinada adentrou a sala onde eu estava, afobado, com o celular em punho, ligando para o chefe de seção, para a segurança, para o coronel, para a polícia... Segundo ele, as terras da empresa haviam sido invadidas (há uma área enorme completamente inutilizada) e me foi pedido então que o levasse, junto com meu chefe direto e mais um funcionário do departamento, até o local onde ocorrera a invasão. Diante das providências tomadas, até tive um certo receio, mas fui até lá.

Chegando ao local, fiquei surpresa: era apenas um barraquinho, feito com restos de madeira e de aproximadamente três metros quadrados. E lá dentro havia um homem, aparentando ter por volta de trinta anos, sujo e maltrapilho. Em sua companhia, alguns móveis, um colchão e aparelhos eletrônicos, todos muito velhos, pareciam terem sido retirados do lixo.

Ele explicara que, na manhã daquele dia, havia construído o barraquinho à margem da rodovia, mas o órgão responsável pela fiscalização pediu que ele dali se retirasse, devido ao alto índice de acidentes. E ele assim o fez, desmontou o barraquinho e o construiu novamente, só que desta vez dentro da cerca, invadindo então as terras da empresa. Eu o vi de longe, mas o homem não aparentava estar embriagado ou sob efeito de entorpecentes. Era um morador de rua, que encontrara naquele local uma possibilidade de se estabelecer.

Neste mesmo dia, fui com meus companheiros de banda em um evento destinado à músicos. Este evento foi realizado por uma emissora de rádio e aconteceu em uma unidade de uma badalada rede de bares, estabelecida em várias partes do mundo. Lá estavam diversas personalidades da cena independente, artistas, músicos, homens e mulheres belíssimos. O ambiente também era muito bonito, com um bela vista para a cidade, pratos elaborados e drinks sofisticados, garçons e garçonetes estilosos e cheios de ginga, e houve também um show de uma banda com projeção nacional.

De fato, a noite fora muito agradável. Mas, em um determinado momento, ao olhar todas aquelas pessoas, rindo, conversando, se divertindo, me peguei a pensar: o que será que aconteceu ao moço do barraquinho? Será que está abrigado, alimentado, protegido do frio? Quando ainda no trabalho, ao fim do expediente, meu chefe ordenou que conferíssemos se ele havia se retirado do local; fui até lá, o barraquinho já estava desmontado, mas não vi que rumo ele tomou...

E ainda, após alguns dias, penso no moço do barraquinho... E naquelas moças bem vestidas e naqueles rapazes com copos de whisky importado nas mãos...


* A análise sociológica fica por conta de cada um!

domingo, 26 de setembro de 2010

"Dificilmente se arranca a lembrança..."

CRUA
Otto

Há sempre um lado que pese
Outro lado que flutua tua pele
É crua
É crua

Dificilmente se arranca a lembrança
A lembrança
Por isso na primeira vez dói
Por isso não se esqueça, dói

E ter que acreditar num caso sério
E na melancolia que dizia
Mas naquela noite que eu chamei você
Fodia, fodia
Mas naquela noite que eu chamei você

Fodia, fodia de noite e de dia

sábado, 21 de agosto de 2010

Sujeito de direito e identidade no ambiente virtual: questão para a lógica e para a ontologia jurídicas

Maria Francisca Carneiro, inicia sua discussão sobre direito e identidade no ambiente virtual comentando sobre a questão da intimidade e identidade do sujeito, pautando-se na personalidade e na dignidade humanas.A autora explica que: mesmo que a intimidade tenha sido calcada em bases filosóficas burguesas, ela foi regulamentada a partir da Constituição Portuguesa de 1976, relacionando a intimidade à identidade pessoal e à capacidade civil. Coloca ainda que é difícil estabelecer os limites de onde começa a vida pública e termina a vida privada, ainda mais quando se está em discussão o ambiente virtual, no qual ocorre o Ciberdireito.
O ambiente virtual caracteriza-se digamos, por uma relativa balburdia quando falamos de sujeito ou sujeitos, pois vários sujeitos ocupam vários espaços ou nenhum espaço. Passamos então a falar sobre um sujeito de direitos virtual. Estamos diante de possibilidades de reinterpretação do conceito de sujeito de direitos e alógica pode nos oferecer novas constatações.
Após essas reflexões, a autora passa a refletir sobre o que seria o direito virtual e o direito real. “Ao mesmo tempo que se consolida a tutela jurídica da intimidade, a internet devassa-a”. O principal problema a ser discutido pelo Ciberdireito é a questão da identidade (nome) no ambiente virtual. Como saber o nome de quem freqüenta a internet e como resguardar o nome do sujeito quando preciso. O nome é um direito, mas também um dever, pois o anonimato é proibido. Já os pseudônimos são legalmente admissíveis quando condicionados às possibilidades de identificação do autor.
Enfim, segundo Carneiro, poderíamos pensar o cibersujeito no contexto de uma possível democracia virtual. E citando Montesquieu, distingue liberdade filosófica e política; “a democracia virtual, para ser democracia deve prevalecer os interesses sociais sobre os individuais”. O cibersujeito continua sendo um e ele mesmo, o que acontece é a ampliação do conceito de sujeito e da sua identidade.
A autora explica que o paradigma da identidade (subjetividade) está no inconsciente do sujeito e sua via de acesso é a psicanálise. Citando Félix Guatarri, Carneiro conclui que cada indivíduo ou grupo social veicula seu próprio modelo de subjetividade. Finalizando, ela questiona o porque da não proximidade entre as novas lógicas e as novas ontologias?
Marlon Nunes

Este e outros textos em http://www.geopoemas.blogspot.com/

sábado, 12 de junho de 2010

Pra você guardei o amor...


Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar
Nando Reis

sábado, 5 de junho de 2010

Batismo de Sangue


Bem, aqui estou eu em mais uma tarde de sábado no trabalho. E desta vez, num marasmo além do habitual (acho que as baixas temperaturas espantaram as pessoas, para a minha alegria). Já li, assisti parte de um filme, redigi um texto para a faculdade, bati papo do Google Talk e até comi umas frutas deliciosas que comprei por aqui. E então, esgotadas minhas possibilidades, tive uma ousada idéia: "vou escrever sobre cinema"! Não sou grande expectadora de filmes pois sempre durmo nos primeiros 40 minutos...rs Mas resolvi escrever sobre este filme, por razões peculiares.
"Batismo de Sangue", baseado no livro homônimo de Frei Beto, conta a luta de frades dominicanos contra o regime militar, no final da década de 60, ao lado de Carlos Marighella e a Ação Libertadora Nacional. Com direção Helvécio Ratton, o filme retrata ricamente o momento marcante vivido pelos religiosos, dando vazão principalmente aos personagens Frei Betto e Frei Tito. Criticado por uns por ser "pesado" demais, aclamado por outros, principalmente por aqueles que viveram na pele os tormentos daquela época, "Batismo de Sangue" é um importante elemento do conjunto de filmes que retratam a história recente de nosso país: vale a pena conferir!
E quanto as razões peculiares, são duas: primeiro, porque sou grande admiradora de Frei Betto. Tive o primeiro contato com seus textos quando tinha por volta de 15 anos, e esta foi uma grande colaboração para meu desenvolvimento crítico. Tive também a grande oportunidade conhece-lo em uma de suas explanações que assisti; até tiramos algumas fotografias, que foram embora com o furto de meu celular. E o segundo é que, meu querido e amado companheiro, Marlon Nunes, fez uma pequena participação no longa: foi um dos presos políticos no momento em que os Freis realizam uma missa na cadeia, sendo o último a receber a óstia das mãos de Frei Tito, interpretado por Caio Blat (a cena é esta da foto!).
E já que estamos falando de Marlon e cinema, ele será curador da 1ª Mostra de Curtas de Contagem/MG que acontecerá no mês de agosto e tenho certeza de que fará um belíssimo trabalho! ;)